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10 estados de espírito de um desempregado

8.10.15


Hoje é o último dia de trabalho de uma das minhas melhores amigas. Quem está num emprego há algum tempo (há mais de um ano, vá!) habitua-se a uma série de rotinas e a uma vida que vai, forçosamente, terminar. A boa notícia é que, muito provavelmente, o recém-desempregado irá permanecer desempregado durante pouco tempo e irá para um lugar melhor. A má notícia é que, independentemente de a pessoa ter apresentado a própria demissão ou ter sido despedida, de ter um novo emprego à espera ou entrar na selva da busca de emprego, irá passar por estas 10 fases. É certinho e direitinho.

1 – A tristeza
Oh, como é grande e profundo o meu pesar! E agora, como irei levantar-me de manhã todos os dias sabendo que já não vou para a Rua Quirino da Fonseca? Já não vou estar a trabalhar numa actividade que conhecia de trás para a frente, já não vou fazer parte daquela equipa, não vou voltar a ver aquele escritório de que tanto gostava. Oh vida cruel!

2 – O passado cor-de-rosa
Eu não estava assim tão infeliz, é exagero teu! Sim, ganhava só 700 euros, o que era uma bela merda, mas olha, era dinheiro certinho ao final do mês. A sério, nunca se atrasaram no pagamento. Era tudo tão lindo. O meu chefe era o mais simpático, os meus colegas eram uns fixes, o escritório ficava pertinho do metro, aprendia uma coisa nova todos os dias. Ai… que saudades.

3 – As desculpas esfarrapadas
Oh, mas para quê ganhar mais de 700 euros? Dava perfeitamente para viver. Pronto, depois de pagar a renda, a luz e o MEO só me sobrava 100 euros, mas pff, dava perfeitamente para viver. Quem não tem dinheiro não tem vícios, nunca ouviste? E a vida não é só dinheiro. Eu tinha um subsídio de alimentação, acreditas? Pois é, todos os meses tinha um almoço garantido. Melhor ideia de sempre!

4 – As saudades dos colegas
Eu tinha a melhor equipa de trabalho de sempre! A sério, eram os colegas mais generosos, mais engraçados, mais simpáticos. Aliás, eram mais do que colegas, eram amigos. Pois é, estiveram lá quando eu acabei com o Tiago. Estiveram lá quando eu fui assaltada. Estiveram lá para beber um copo no final do dia. Sempre com uma palavra de apoio. Pá, adoro-os e é uma amizade que vai durar para sempre. Tenho de lhes telefonar todos os dias!!!!

5 – A conformação
Bem, a vida continua. Isto é tudo muito bonito, mas acabou e tenho de olhar em frente. Vou aproveitar para dormir esta semana inteira. E encomendar pizzas à noite. E ver séries pela madrugada dentro sem a preocupação de me levantar de manhã. Liberdade, liberdade!

6 – O tédio
I’m bored!!!!! Já vi todas as temporadas do Breaking Bad (sim, eu sei que já acabou há uma série de tempo mas, tipo, eu trabalhava e nunca tive tempo para seguir o fio à meada), já sei o que se passou no Game of Thrones e já terminei todos os episódios do Scandal também. Já estou farta de ver televisão e de dormir!

7 – A ansiedade
Preciso de um novo trabalho JÁ! Bolas, ando a enviar 5 CV por dia e ainda nada? Nem uma resposta dos filhos da puta dos recursos humanos de nenhuma empresa? Mas que falta de respeito é esta? Preciso de ganhar dinheiro, preciso de ter um sítio para onde ir todas as manhãs, não fui feita para ser dondoca! Porra para isto, pá!

8 – O despertar para a vida
Ena pá, tenho 4 entrevistas só esta semana! Finalmente começaram a responder-me aos e-mails. Let’s do this, bitches! Estou aqui para botar pra quebrar, to kick ass e todas as expressões idiomáticas que puderem pensar para VAMOS A ISTO!

9 – O entusiasmo frenético
Encontrei um trabalho novo, finalmente! Foram 3 semanas de muita tensão, já não aguentava  mais aquela vida de não fazer nada! Vá apanhar no rabo, Dr. [nome do chefe que dispensou os teus serviços]. Aqui vou ganhar 1200 euros. Alguém finalmente reconhece o meu valor. Porra só perdi tempo naquela empresa!

10 – A rotina

Foda-se… levantar-me às 6 da manhã para ir trabalhar? A sério, ninguém merece! Thank God it’s Friday!

Carta aberta a Joni Mitchell

1.4.15


Querida Joni,

Como é que vai a vida?
Nunca te contei, mas durante dois anos eu tive uma música tua para meu despertador. Era a "Little Green", que conta a história da tua filha que deste para adopção quando não tinhas vida para pensar em mais ninguém. Apesar de poder ter sido uma escolha discutível para música de despertar (deprimente e tal), são os acordes iniciais mais doces que já ouvi. E eu de manhã preciso é disso: sons doces. Não me venham com grandes alegrias àquelas horas.
Sei que estás doente e foste parar ontem ao hospital. Eu queria pedir-te só para te aguentares à bronca ainda mais uns 10 ou 15 anos, se não for pedir muito. É que eu ainda te quero ouvir a cantar ao vivo e não estou preparada para te ver partir. No ano passado já foi o Robin Williams, e antes a Whitney e o MJ e, olha, uma pessoa não aguenta tudo assim de seguida.
Chamam-te "ícone de Woodstock". Sei que supostamente é uma coisa bonita de se dizer, mas tu és tão mais do que isso. Tens o condão de transformar uma qualquer música de desamor num hino à vida e à esperança. Passaste de soprano a contralto depois daquele nódulo nas cordas vocais que te transformou a voz e, consequentemente, o estilo, mas a tua essência permanece. E, cá entre nós, eu gosto mais da tua voz em versão grave. Voz de quem tem histórias para contar, enquanto fuma mais um cigarro e beberica um whiskey on the rocks. A tua voz é voz de quem vive. Sei que a tua vida já foi longa e boa, mas dá-me mais uns anos, sim? Se bem que eu, cá no fundo, sei: quem compõe uma música como A Case of You nunca está destinado a morrer.

Deixo-te um grande abraço,

RML

6 factos extremamente irrelevantes sobre a novela A ÚNICA MULHER

23.3.15




A nova novela da TVI, A Única Mulher, estreou há uma semana. É filmada entre Luanda e Lisboa e o tema principal, naturalmente, suscitou a minha curiosidade. Gostava muito de fazer um textinho simpático sobre as minhas coisas preferidas na novela, mas não conseguia encontrar um número decente para justificar um post. Também podia ter feito um texto altamente corrosivo sobre as coisas que mais detesto na novela, mas não quero ser banida de uma futura festa na TVI, por isso vamos a uma lista de factos variados, sim?


O elenco angolano é um PAVOR.

Lembram-se de ver o Paulo Pires, há quase uns 20 anos, a entrar na novela Salsa e Merengue, a contracenar com todos os actores brasileiros famosos e nós sentirmos uma pontinha de vergonha nacional porque, embora ele fosse um homem bonito, era muito mau actor e envergonhava-nos enquanto povo? Pois, é a mesma coisa que se passa nas cenas entre os actores angolanos e os portugueses. Os actores portugueses são os novos actores brasileiros. E os actores angolanos são os actores portugueses de há 30 anos.

Os angolanos já ameaçavam tomar conta da televisão portuguesa. Primeiro foi o Voo Directo, uma série sobre hospedeiras de voo e que que na imprensa prometia ser o Sexo e a Cidade português e cujo elenco angolano dava dó de se ver no pequeno ecrã. De tal forma que a série passava apenas às 3 da manhã, tendo como audiência específica as pessoas que regressam bêbedas de uma noite no Bairro Alto e que eram os únicos que conseguiam ver aquela série. Depois foi a Windeck. Não sei se vale muito a pena falar sobre esta novela. Não faço ideia qual é a história, mas era tudo extremamente MAU. Eu compreendo que a Micaela Reis, actriz seja na Windeck, seja no Voo Directo, é uma das mulheres mais bonitas e boazonas de sempre, mas por favor, alguém que lhe diga que ela não pode ser actriz. Não sei, ela que vá fazer outra coisa qualquer, tipo sorrir para fotografias, posar para marcas de lingerie, ser mãe, casar, whatever. Mas não pode ser actriz. 

E agora, temos A Única Mulher. Ora, Angola precisa urgentemente de actores. Isto porque o núcleo angolano é feito na sua maioria por actores não angolanos. E, ainda assim, são todos fraquinhos. Gostava de falar da representação medonha de cada um deles, mas não temos tempo. Basta-me dizer que a única pessoa de talento ali é o actor Ângelo Torres (o pai da protagonista, na personagem de Norberto Venâncio). E, guess what, ele é são tomense, nem sequer é angolano.
A Ana Sofia... pois, eu gostava de não ter de dizer isto, mas não me convence como actriz. É linda, tem estilo, é magra e alta, tudo o que queremos numa enfermeira rica, mas ainda não é actriz. Os textos não são bons, a história de amor com o rapaz não é verosímil. Sim, eu sei que é uma novela, mas podiam levar mais do que 2 minutos e um olhar para se apaixonarem perdidamente? É que isto é publicidade enganadora! Ninguém desmancha um noivado, entra em guerra com a família só por terem trocado um olhar com outra pessoa. Digo eu, but what do I know?

O tema da raça ainda é pertinente.

Na dramaturgia portuguesa, é a primeira vez que surge uma protagonista negra. Claro que a Ana Sofia é clarinha, mas é assumidamente africana: nada de cabelos alisados com químicos que fazem arder o couro cabeludo e que partem o cabelo, que é a tendência da maioria das mulheres negras em Portugal. E é a primeira que aborda sem grandes rodeios o preconceito puro e duro. A história da novela visa chamar a atenção para o linguajar do dia-a-dia (sim, chamar preto não é bonito!) e o racismo existente (seja do branco para o negro e ao contrário). Porque uma coisa é dizer "até tenho amigos que são", outra coisa é verem os vossos filhos ou filhas a namorarem com um negro ou uma negra. O caso aí muda sempre de figura. Vamos precisar de mais uns 100 anos para que as coisas mudem, mas lá havemos de chegar. Principalmente quando Portugal se tornar um país de mulatos, que é para lá que se caminha. O meu pai (negro) e a minha mãe (branca) já contribuíram um bocadinho para essa tendência. 

O carioca mais bonito do mundo não está na Globo, está nesta novela.

O melhor da novela é o Bruno Cabrerizo, o brasileiro dos olhos verdes e do sorriso mais lindo de que há memória. Vamos ter problemas, TVI. Eu preciso de ter uma vida, não posso andar a perder tempo a ver a vossa novela só por causa deste rapaz. Eu já o sigo no Instagram, por isso nem tudo está perdido. Vai dar jeito para me cruzar com ele "sem querer" em algum lado que apareça nas fotografias.

A Alexandra Lencastre. Não necessita de predicado. 

Ver a Alexandra Lencastre a chamar «preta», «macaca» e «escuridão» à Ana Sofia tem a sua piada. Acho-a, sempre achei, uma das melhores actrizes de Portugal e ela convence sempre no papel de má e de senhora rica e arrogante. Ainda por cima, é uma fofinha na vida real, o que torna tudo ainda mais interessante. Vê-la no papel de uma mulher preconceituosa e racista dá-me vontade de rir, especialmente porque ela tem ar de quem não se faz rogada perante uma pila africana.

O Matias Damásio está na banda sonora.

O Matias Damásio é o novo Paulo Flores. Sei que os portugueses que me lêem não percebem o que isto significa, mas asseguro-vos que isto são boas notícias. Ele canta este semba fantástico e é um dos melhores músicos angolanos dos últimos 30 anos.

A hipótese de ver o Graciano Dias enquanto actor secundário antes que seja tarde demais.

O actor Graciano Dias, que desempenha o papel de Diogo, empresário e futuro genro do sempre competente José Wallenstein, é um dos melhores da novela. O Diogo é mau, manipulador e racista, mas convence-me. Não me refiro aos abdominais do rapaz (são lindos), mas ao talento. E há bem pouco tempo foi o protagonista de Os Maias, por isso já sabemos que é um moço versátil. Ou muito me engano, ou este tipo vai ser o próximo grande actor português.


E vocês? O que estão a achar da novela?

(Sim, eu sou a miúda que viaja pelo mundo e que perde tempo a escrever sobre uma telenovela. Mas não contem nada a ninguém. Desmentirei tudo.)


5 coisas que me fizeram espécie nos Óscares

23.2.15


Eu sou uma grande fã do Neil Patrick Harris. Pronto, confesso, sou uma grande fã da personagem Barney Stinson, da série How I Met Your Mother, que o Neil Patrick Harris recriou na televisão durante os últimos oito ou nove anos. Acho que foi a alma da série, mesmo não sendo o protagonista, e fazia-me sempre, sempre rir. Comecei a estar atenta ao que o rapaz fazia a nível de cinema, vi-o a apresentar os Tony Awards e os Emmys e fiquei profundamente fascinada pela sua graça e talento. Portanto, sim, as expectativas para os Óscares eram altas, meus senhores. 

Quando ele entra e faz aquele número musical em tributo aos grandes filmes do cinema, Moving Pictures, a minha alma ilumina-se: eu adoro musicais, aquelas melodias pomposas transportam-me imediatamente para a infância e fico totalmente imbuída no espírito de magia da música e do cinema. Pensei: «Uau, não podia haver melhor forma de iniciar a cerimónia!». Recordou-me aquele número de abertura com o Hugh Jackman na cerimónia de 2009, que deve ter sido a melhor de que me lembro. Mas depois disso, não houve muito mais. Uma graçola bem conseguida aqui e ali, uma provocação de vez em quando, uma parte em que aparece de cuecas evocando a bela cena de Birdman em que Michael Keaton fica preso do lado do fora do teatro, em plena Times Square. Pronto, foi isso. E não foi suficiente.

Eis alguns momentos que me fizeram soltar um "ouch" sonoro:

1 - Neil Patrick Harris a chatear a Octavia Spencer
Octavia Spencer, que venceu o Óscar em 2013, com o filme The Help (As Serviçais) foi contratada para "trabalhar" durante a cerimónia. O apresentador explicou ao público que havia uma caixa blindada com as suas previsões e nomeou Octavia como a guardiã da caixa. Disse-lhe que não podia desviar os olhos da caixa, que não podia levantar-se para ir à casa de banho e que não podia ir comer. E repetiu a parte do comer, o que foi um bocadinho parvo. Durante toda a cerimónia, dirigia-se à Octavia, para se certificar de que ela estava mesmo a tomar conta da caixa. As pessoas riam-se, mas deixou de ter piada à segunda ou terceira vez. 


2 - O discurso de Patricia Arquette falha
Eu compreendo o que ela quis fazer. Desde que vieram a conhecimento os e-mails privados da Sony com os quais se ficou a saber, aliás, se confirmou que as mulheres em Hollywood, à semelhança de todo o mercado de trabalho, ganham menos do que os homens, este tornou-se um assunto sério. O discurso de agradecimento de Arquette vem ao encontro desta onda de defesa dos direitos das mulheres que se tem notado nos últimos anos, mas ela falha redondamente, ao dizer que "andámos aqui a lutar pelos direitos dos outros" (e por outros, leia-se negros e homossexuais), "agora é a vez de vocês virem lutar pelos nossos direitos também". Praticamente, ela está a excluir as mulheres negras e homossexuais da equação ou a insinuar - mesmo inconscientemente, mesmo sem maldade - que as mulheres negras e homossexuais não têm lutado pelos direitos feministas. Hmm...pá, aquilo soou-me mal para caraças. Bem longe do politicamente correcto que ela pretendia.


3 - O espanto perante o talento da Lady Gaga
A Lady Gaga rebenta com a escala, recebe uma ovação e as pessoas do mundo inteiro ficam espantadas Não sendo eu uma grande apreciadora da música da Lady Gaga, sempre lhe reconheci um talento do outro mundo. Ando atenta aos concertos ao vivo que ela tem feito (em que transforma totalmente os seus hits comerciais e ritmados em músicas acústicas, renovadas da cabeça aos pés, toca piano lindamente e compõe para si e para outros). Quem nunca lhe deu valor enquanto performer vocal, é porque não tem ouvido absolutamente nenhum. Goste-se ou não se goste. Por isso, não foi nenhuma espécie de surpresa. Quem a ouviu ao vivo, quem viu as actuações com Tony Bennett, em que aposta num registo mais jazzístico, sabe que o que ela fez nos Óscares era o que se esperava. Brilhante, sim. Mas fico feliz de o mundo ter-lhe caído aos pés.

4 - O Eddie Redmayne leva o Óscar
Atenção! O rapaz dos lábios sem cor fez um excelente papel. Um papel desafiante, em termos físicos, um papel que comporta o peso de se representar alguém que está vivo e é um dos homens mais brilhantes do último século... ele levou com a pressão toda em cima. Mas é um papel estereotipado de Óscar. Eu torcia pelo Steve Carrell ou pelo Michael Keaton - porque acredito sinceramente que nenhum dos dois terá a oportunidade de voltar a ter um papel tão forte como o de Foxcatcher e o de Birdman. Mas ganha o Eddie que só vem comprovar a famosa teoria que é preciso fazer um papel de deficiente, autista ou gay para se ganhar um Óscar. 

5 - A ausência de Angelina Jolie e Brad Pitt
Facto: um tapete vermelho sem a Angelina Jolie e o Brad Pitt não vale nada. Não sei se eles têm alguma espécie de acordo tácito com a Jennifer Aniston (quando uma está nomeada e tem de aparecer, a outra não aparece - isto costuma acontecer - mas neste caso, nenhuma das duas estava nomeada), não sei se a Jolie ficou chateada por o filme Unbroken ter sido afastado dos Óscares, mas a verdade é que o casal mais mediático e, provavelmente, o mais bonito do mundo TEM sempre de aparecer. As nossas vidas já são chatas o suficientes e precisamos de ver exemplos de amor e fertilidade quando ligamos a televisão. Está mal, Brangelina!

Para o ano há mais. É o que nos safa.

Como transferir fotografias do Instagram?

1.2.15


Eu ando sempre a dizer que sou geek e não sei que mais, mas de que vale ser geek, ou nerd, ou inteligente, ou chico-esperta se não partilhamos coisas giras com os amigos, certo? Então, vamos iniciar aqui uma rubrica nada pretensiosa chamada Rafa in Geekland, em que me proponho a partilhar convosco dicas relacionadas com tecnologia, assim no geral. Apps, sites imperdíveis, serviços web e coisas que eu uso e sem as quais não posso viver. E as boas notícias é que começamos agora com a primeira!
Já vos aconteceu publicarem uma foto bonitinha no Instagram e depois, mais tarde, terem vontade de a partilhar no blogue ou no Facebook mas não tinham essa fotografia no computador? Acabou-se a trabalheira de ir buscar a fotografia ao vosso camera roll ou galeria, enviarem-na para o e-mail, transferir a foto para o ambiente de trabalho e depois, finalmente, poderem publicar a bendita foto.
Agora basta aceder a http://www.instagrabbr.com/, inserir o vosso username do Instagram e...voilà, encontrarão todas as vossas fotos em formato .jpg. Basta carregar num botãozinho mágico que diz "save image" e ela vai direitinha para o vosso computador. Extremamente maravilhoso, não é?

Nova Iorque - a cidade em que todos sabem para onde vão

14.1.15


A sensação que eu tinha, de que consigo fazer isto, que sou uma pessoa com coragem, está agora - a 20 minutos da aterragem - a ser substituída por uma ansiedade inexplicável. Como assim, morar em Nova Iorque? Numa cidade onde não falam a minha língua, onde não vou estar amparada por uma empresa ou comunidade específica, onde não tenho amigos ou parentes, onde o custo de vida é dez vezes superior ao de Lisboa, onde não sei onde comprar fruta ou alface. Tipo... o que me vai acontecer? Estou a 5525 km, diz-me o monitor nas costas do banco da frente. E se alguma coisa me acontece?

Este pequeno parágrafo foi escrito por mim no avião no momento em que a hospedeira disse «Atenção, senhores passageiros! Por favor, apertem os cintos de segurança. Vamos preparar a nossa descida.» A minha letra está longe de ser bonita ou legível (já foi, já foi), por isso transcrevi-vos o meu desabafo na íntegra, tal qual como saiu das minhas mãos trémulas. Sim, trémulas. Eu estava nervosa, a hiperventilar, naquela sexta-feira, dia 10 de Outubro. Não sabia o que me esperava e estava longe de imaginar que em três meses tanta coisa iria mudar.

Todas as pessoas que já visitaram Nova Iorque não conseguem evitar ter um fascínio por aquela cidade. Faz parte do nosso imaginário colectivo desde sempre, é a cidade da cultura pop e, a menos que falemos dos anti-americanos, não há muita gente que não gostasse de ir lá dar uma voltinha. Bem melhor do que o bilhar grande. E também não há muita gente que tenha ido e que tenha regressado desapontado. Simplesmente porque Nova Iorque corresponde às expectativas, aos estereótipos e iguala a imagem que criámos na nossa cabeça. Eu já tinha ido de férias em 2008 e foi um sonho tornado realidade. Mas tenhamos presente desde já a seguinte consideração: ir de férias é bem diferente do que morar lá. Pagar uma renda, conciliar as despesas de uma vida boémia que se quer obrigatoriamente fazer (os 20% obrigatórios das gorjetas levam uma pessoa à falência em três tempos) com os custos de vida normais, descobrir um hobby, aprender a andar a pé e usar os transportes de modo eficaz, conseguir estabelecer uma rotina de trabalho, conhecer pessoas que vão com a nossa cara para podermos ter uma vida social. São muitas «tarefas» a riscar na nossa lista e muita pressão para conseguirmos assegurá-las todas.

Em Nova Iorque, as pessoas andam depressa. Quem anda devagar é o turista deslumbrado ou alguém do Minnesota - ou de Portimão - que acabou de se mudar para ali. Os nova-iorquinos são simpáticos - mais simpáticos do que os lisboetas - mas falam e caminham com determinação. E não abrandam por dá cá aquela palha. Somos obrigados a entrar no ritmo deles. A deixar o fraseado do «Excuse me sir, I'm sorry to bother you, but would you mind...?» e substituí-lo com um rápido «Hi, where is xxx?». Esforcei-me para pôr a primeira - e aqui está a grande desvantagem de não ter carta de condução, porque nem sequer sei se estou a fazer uma metáfora bem feita com as mudanças de um automóvel... será que «a primeira» é aquela que faz o carro acelerar ou é «a quinta»? Bem, vou seguir o meu instinto, mantenho «a primeira» - e entrar naquele ritmo desenfreado. O meu inglês solavancava nos primeiros tempos, mas rapidamente entrou num nível bastante aceitável. 

A primeira regra para sobreviver em Nova Iorque, ou na vida em geral, vá, é essa mesmo: saber para onde ir. Eu passei os primeiros dias a tentar encontrar um espaço de cowork, a tentar estabelecer uma parceria de intercâmbio em nome do CoworkLisboa, a minha casa-mãe, mas os esforços foram em vão. Eles não foram cá em cantigas de parcerias ou trocas de coworkers e eu, como tenho pouco talento para pedinchar persistir, acabei por desistir ao quinto não. Pensei que se me cingisse às dezenas, talvez centenas, de coffee shops com wifi da cidade, os também chamados coffices, conseguiria manter a produtividade e trabalhar nos meus projectos profissionais.

Se no Brasil eu pertenci a um espaço de cowork, o Templo, onde tive a oportunidade de fazer amizades e conhecer algumas das mentes mais brilhantes do Rio de Janeiro, em Nova Iorque toda a minha vida social e de comunidade estava dependente do mero acaso: pessoas que eu conhecia aleatoriamente na rua, em cafés, em casas-de-banho de restaurantes, no metro ou ao chocar com alguém ao virar de uma esquina. Pagar um espaço de cowork estava fora das minhas possibilidades - a média de uma mensalidade de uma mesa num cowork em Nova Iorque é 500-600 dólares - e as minhas únicas hipóteses eram os cafés, a Biblioteca Pública - New York Public Library - que tem várias salas com wifi, mas que, naturalmente, temos de estar em silêncio o dia todo e há pouca interacção com a pessoa do lado. 

Este foi o principal motivo para eu nunca me ter sentido em casa ou pertencente à teia social de Nova Iorque. Eu, defensora do fenómeno de coworking como factor obrigatório para a sanidade mental enquanto trabalhadora freelancer, vi-me privada de uma alavanca fundamental para conhecer pessoas. Andar à deriva pode ser bom em algumas circunstâncias. Mas quando andamos à deriva e todos à nossa volta sabem para onde vão, e vão depressa, é muito fácil sermos engolidos. Nova Iorque foi uma anaconda e eu entrei direitinha no estômago dela.


Como Nova Iorque mudou a minha vida para todo o sempre - Parte 1

Percebi que a rotina é uma coisa importante para o meu equilíbrio. Rotina não significa ir sempre aos mesmos sítios, comer sempre a mesma coisa e fazer amor sempre na mesma posição. A rotina é um conjunto de hábitos - que podem ser diversos entre si - que nos permitem estar confortáveis na nossa pele. É importante criarmos um dia-a-dia em que sabemos para onde ir. Ter um GPS e não ter um endereço de destino não serve para nada, pois não? Pronto.



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